20.3.13
Entardece
Meus olhos vêem diferente. Hoje te vi no céu. Aliás, hoje o contemplei por mais tempo que o de costume, não por tolice, mas por familiaridade. Gosto de olhar para o céu e me sentir em casa. Gosto de fechar os olhos e sentir a última luz alaranjada do dia preenchendo minhas pálpebras com uma energia equilibrada com a que vem de mim. Gosto de ser leve, emitir leve, receber leve. 
 Todo por do sol é um olhar, cada dia uma essência se estende pelo infinito esculpindo a beleza que se emite de dentro para fora. Teus olhos guardam tudo que teu corpo disfarça, definem com clareza as linhas e entrelinhas do teu fundo coração que, como o meu, insiste em fingir que não quer emitir nada, guarda batidas. No fundo do teu céu mistura-se todas as cores em linhas longas e expressivas, movimentam-se nuvens com rapidez porém sutileza, prende meus olhos. Prendo meus olhos nos teus, minhas curvas nas tuas, calo-me para ouvir o sussurro abafado que deixas no meu ouvido e ali fica por dias, semanas, meses. Tento segurar canções, vozes, ruas, mas quem sempre fica é teu olhar no meu, tua respiração na minha pele, teu sorriso torto rindo do meu.
  Todos os dias prendo os olhos no céu, hoje o céu prendeu meus olhos. Teus olhos compuseram o azul alaranjado mais belo que os que geralmente se manifestam. 
  Olha-me. Prende-me
7.3.13
blind mind
Conta-me, espantado, que ao andar pela rua como de habitual avistou entre a multidão um homem cego. Olho em teus olhos e te pergunto o porquê de tanto espanto. Olha mais fundo nos meus, abismado com tal pergunta. Mas, meu bem, não é mais surpreendente pra ti saber enxergar num mundo onde ninguém mais sabe ver?
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