Os dois estavam cansados, melhores amigos sentados. Se olharam, não precisavam de muitas palavras, conseguiam ler um o olhar do outro. Ela via um estranho sentimento nele, ele via um confusão de acontecimentos e dúvidas.
- O que você está sentindo, exatamente? Disse ela, com a voz levemente rouca, de um jeito não tão rude e nem tão suave. Duvidoso.
- Eu não sei. Apenas não consigo identificar o que eu sinto em relação a algumas pessoas. Porque a pergunta? Disse ele com um quase invisível traço confuso na face.
- Ah, eu só quero saber como as pessoas se sentem, o que elas priorizam, se elas tem algo a dar valor. No seu caso, posso ver no seu rosto, você não sabe o que está sentindo por alguém, uma garota, mais especificamente.
Os dois permaneceram em um silêncio desconfortável. Seus olhares se encontram e o garoto mais confuso ainda pergunta:
- Você, o que sente?
Ela olha para cima, no fundo dos olhos mais aconchegantes que ela encontrou, seu único e melhor amigo. Depois de pouco tempo, responde:
- Não sei o que sinto, se é tudo ou se é nada. Se é pouco ou muito. Eu sinto tudo, aos poucos, aos montes. Tudo aglomerado dentro de um pequeno espaço. Dentro de mim.
O menino olha nos seus límpidos olhos verdes claros, limpando suas salgadas lágrimas de uma confusa tristeza que parecera nunca ter cessado. A abraça e diz no tom mais reconfortante possível:
- Quando não tiver mais saída para o nada, serei o teu tudo. Eu sempre estive aqui, assim irei pra sempre ficar.
Eles ainda eram dois. Dois melhores amigos, dois pontos de segurança, um para o outro. A única diferença era os corações que flutuavam com a leveza que nunca tiveram.
 
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